Abin paralela: entenda indiciamento de Bolsonaro, Carlos e Ramagem

18/06/2025 05h39 - Atualizado há 20 horas

PF indiciou mais de 30 pessoas; corporação concluiu investigação sobre o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

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Divulgação

Nesta terça-feira (17), a Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre o caso "Abin Paralela", sobre o uso ilegal de ferramentas de monitoramento na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Mais de trinta pessoas foram indiciadas; entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ).

Entenda por que eles foram indiciados:

Jair Bolsonaro

De acordo com as investigações, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado por ter conhecimento do funcionamento da estrutura paralela e se beneficiar diretamente dela, além de não ter tomado nenhuma medida para interromper a prática de espionagem ilegal.

Carlos Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro foi indiciado por chefiar o chamado "gabinete do ódio", que teria utilizado as informações obtidas por meio da "Abin paralela" para produzir e disseminar conteúdos nas redes sociais com o objetivo de atacar adversários políticos do ex-presidente, segundo a PF.

Alexandre Ramagem

O deputado Alexandre Ramagem é apontado como o principal responsável por organizar o esquema ilegal de monitoramento. Ele ocupou o cargo de diretor da Agência Brasileira de Inteligência durante o governo Bolsonaro.

A CNN procurou a defesa dos indiciados e aguarda as manifestações.

Abin Paralela

As investigações apontam que policiais, servidores e funcionários da Abin formaram uma organização criminosa para monitorar pessoas e autoridades públicas, invadindo sem autorização judicial celulares e computadores. O esquema serviria para monitorar desafetos do governo Bolsonaro.

De acordo com o relatório da PF, o sistema israelense de geolocalização FirstMile foi usado de forma irregular para espionagem, especialmente em 2021, período pré-eleitoral. A ferramenta, desenvolvida pela empresa Cognyte (ex-Verint), teria permitido o rastreamento de até 10 mil celulares por ano nos três primeiros anos do governo Bolsonaro.

A investigação revela ainda que ministros do STF, deputados e jornalistas tiveram suas localizações rastreadas por essa "Abin paralela", estruturada à margem dos procedimentos legais da agência.

Elijonas Maia e Leticia Martins, da CNN, Brasília e São Paulo