APOLOGIA A VIOLÊNCIA: Evento em colégio cívico-militar exibe fuzis para estudantes no Paraná

10/12/2025 05h04 - Atualizado há 3 dias

Caso gerou críticas de entidades; sindicato de professores fez denúncia ao Ministério Público

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• Reprodução/Redes sociais

Uma exposição de fuzis e outros armamentos foi realizada para alunos menores de 18 anos, na última quarta-feira (3), no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo, Região Metropolitana de Curitiba (PR). O caso ocorreu durante uma visita de representantes da Sesp (Secretaria da Segurança Pública) do Paraná à instituição de ensino.

Conforme a Secretaria de Segurança, “este é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários. Os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes”. A escola faz parte do modelo de gestão cívico-militar.

A situação gerou críticas de entidades, como o APP-Sindicato (Sindicato dos professores e funcionários de escola do Paraná), que expôs a situação nas redes sociais e denunciou as imagens ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Controladoria Geral do Estado.

“Nós continuaremos denunciando e tomando todas as medidas cabíveis para que a escola volte a ser o espaço da construção do respeito e da dignidade humana", disse a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto.

O sindicato ainda relembrou que o evento ocorreu menos de uma semana após viralizar, nas redes sociais, um vídeo de estudantes do Colégio Cívico-Militar João Turin, de Curitiba (PR), cantando uma música que faz apologia à violência. Um dos versos dizia “Homem de preto, qual é sua missão? Entrar na favela e deixar corpo no chão”.

Após o vídeo vir à tona, o secretário de Educação do Paraná, Roni Miranda, disse que a escola passará por acompanhamento para combate da violência e da discriminação.

Veja a nota da Sesp sobre a exposição das armas:

“A Secretaria da Segurança Pública do Paraná participou, na semana passada, de uma ação institucional no Colégio Estadual Vinicius de Moraes, em Colombo. Durante o evento, equipes do PROERD, da Patrulha Escolar, da Patrulha Maria da Penha, do Corpo de Bombeiros e de unidades especializadas apresentaram aos alunos aspectos do trabalho diário das forças de segurança. Este é um tipo de ação tradicional que acontece em escolas, praças, feiras e eventos comunitários. Os equipamentos exibidos estavam em área supervisionada, sem qualquer tipo de manuseio pelos estudantes.

O secretário da Segurança Pública, coronel Hudson Leôncio Teixeira, conversou com os alunos sobre dedicação aos estudos e valorização da escola pública, reforçando o papel da educação e da segurança na formação cidadã.

A SESP destaca que todas as atividades têm foco em prevenção, informação e aproximação responsável com a comunidade.”

Confira a nota do APP-Sindicato sobre o caso:

“A APP-Sindicato recebeu imagens de crianças sendo expostas à cultura da violência com a exibição de armamento pesado dentro do Colégio Cívico-Militar Vinicius de Moraes, no município de Colombo, Região Metropolitana de Curitiba, nesta quarta-feira (3). Esse novo episódio de absurdos da militarização da educação no Parana, imposta pelo governador Ratinho Jr. (PSD), acontece menos de uma semana depois de viralizar nas redes sociais um vídeo que mostra estudantes do Colégio Cívico-Militar João Turin, de Curitiba, cantando uma música que faz apologia ao ódio e à morte de pessoas negras e da periferia.

As imagens do vídeo de Colombo mostram crianças aglomeradas em frente a uma mesa, montada no ginásio da escola, onde estão dispostos pelo menos cinco fuzis, uma pistola e outras armas utilizadas pelo batalhão de Rondas Ostensivas de Natureza Especial, unidade de elite da Polícia Militar do Paraná (PMPR). O vídeo também mostra que as crianças usam o celular para tirar fotos do armamento, enquanto são observadas por um policial militar, sem a presença de profissionais da educação.

Diante da gravidade dos fatos, a APP-Sindicato denunciou as imagens ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Controladoria Geral do Estado.

A escola tem como papel central a humanização, a construção do respeito à diversidade e a todas as pessoas. O modelo cívico-militar vai na contramão deste grande objetivo. Esses vídeos, que nós tivemos acesso e denunciamos, são apenas algumas das provas e das muitas denúncias que temos feito sobre este modelo, seja sobre assédio, violência, assim como a incitação à violência e ao racismo. Por isso, nós continuaremos denunciando e tomando todas as medidas cabíveis para que a escola volte a ser o espaço da construção do respeito e da dignidade humana", comenta a presidenta da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto.”

Gabriela Garcia, da CNN Brasil, em Porto Alegre