As 153 apostas da ciência para a cura da Covid-19

09/06/2020 08h52 - Atualizado há 5 anos

Existem mais de 1,7 mil estudos testando fármacos já existentes no mercado

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Pesquisadores testam remédios contra Covid - Freepik / xb100

Ricardo Campos Jr

As apostas da ciência no combate à Covid-19 vão muito além da cloroquina. Existem 1.765 estudos no mundo que testam diferentes tipos de remédios para o tratamento dos pacientes contaminados. São precisamente 153 substâncias já disponíveis no mercado que vão de antivirais, antiparasitários e medicamentos desenvolvidos para diferentes condições.

O dado foi levantado pelo pesquisador Adriano Andricopulo, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP).

A lista não inclui o desenvolvimento de vacinas e as análises sobre como funcionam os mecanismos usados pelo novo coronavírus para tomar o organismo dos seus hospedeiros ou desenvolvimento de dados epidemiológicos.

Foram analisados dados das quatro principais bases on-line de estudos clínicos do mundo: Clinical Trials, mantida pelos National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos (1.001 registros); EU Clinical Trials Register, da União Europeia (51 registros); ISRCTN, que segue diretrizes da Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos (ICTRP), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas ICMJE (39 registros), e Chinese Clinical Trial Registry, da China (674 registros).

Esse tipo de pesquisa é conhecida no meio acadêmico como reposicionamento de fármacos. Os antivirais estão entre as maiores apostas, são 26 produtos testados contra a Covid-19. Há também 18 medicamentos anticâncer, 14 imunosupressores, 13 anti-hipertensivos, 12 antiparasitários e 12 anti-inflamatórios.

Há ainda até antidepressivos, antipsicóticos, vasodilatadores, antidiabéticos, corticosteroides e redutores de colesterol em jogo.

Um dos mais promissores até o momento é o remdesivir, utilizado no tratamento contra a ebola. Contudo, como ele só existe na versão injetável, outras duas moléculas estão se destacando como alternativas superiores, conforme a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

Uma delas é a EIDD-2801, que age de forma semelhante ao remdesivir no corpo, mas existe em comprimidos. Além disso, testes mostraram que esse produto age contra formas mutantes do novo coronavírus, evitando a criação de resistência. Já a EIDD-1931 age no mecanismo que faz o agente patológico se multiplicar.

Contudo, embora tragam esperança, essas pesquisas ainda estão em fase de execução e não há um tratamento 100% eficaz contra a doença que contaminou milhões no mundo inteiro.

REGIONAL

Em Campo Grande, pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul vão testar um remédio homeopático na prevenção da Covid-19.

A estratégia não é curar, mas sim reforçar o organismo para combater o coronavírus, caso entre em contato com ele. O médico doutor em Ciências da Saúde e coordenador da residência em homeopatia do Hospital Universitário (HU), Joaquim Dias da Mota Longo, está à frente do estudo.

O medicamento, que não teve o nome revelado para evitar uma corrida desnecessária às farmácias, já foi considerado em estudos da Associação Médica Homeopática Brasileira e que tem efeitos na prevenção da doença e isento de efeitos colaterais.

Profissionais do posto de saúde do Marabá serão voluntários. Eles irão receber gratuitamente o produto e serão orientadas a quantas vezes deverão usá-lo diariamente. Poderão participar apenas quem esteja sadio. Todos serão acompanhados pelos integrantes do grupo de pesquisa.

Ainda não há previsão de quando a Sesau irá liberar a autorização para o início da pesquisa.

CORREIO DO ESTADO