Roberta Cristina Veloso Fernandes, a irmã gêmea de Ana Paula Veloso Fernandes — mulher classificada como "serial killer" após ser acusada por quatro assassinatos com o uso de veneno — apresentou contradições durante interrogatório prestado à Polícia Civil e é suspeita de ter convivido com o corpo de Marcelo Hari Fonseca, uma das vítimas da irmã, em estado avançado de decomposição.

O relatório final aponta que os filhos de Roberta e Ana permaneceram por dias na residência onde o corpo de Marcelo se decompunha, sendo retirados apenas quando o odor já era insuportável.

As irmãs dividiam a casa com Marcelo desde janeiro, com cômodos separados apenas por uma “tábua” no corredor, segundo Roberta. Ainda em janeiro, Ana Paula acionou a polícia relatando que não via a vítima há algum tempo.

Os policiais foram ao local e identificaram de imediato um forte odor vindo do interior da residência, além da presença de mosquitos perceptíveis mesmo do lado de fora. Em um sofá no cômodo onde Marcelo morava, o corpo foi encontrado em estado avançado de decomposição.

Durante o interrogatório, Roberta apresentou versões incongruentes sobre o caso. Além disso, no dia subsequente ao encontro do corpo, a casa foi vista trancada com cadeado e, dias depois, familiares presenciaram Ana Paula queimando pertences do falecido em via pública, inclusive o sofá onde o corpo fora localizado.

Em depoimento, Roberta admitiu ter queimado o sofá alegando que o móvel “estava fedendo”. O ato foi interpretado pela polícia como tentativa de eliminar vestígios fundamentais.

A polícia suspeita que Marcelo tenha sido morto, com o uso de venenos, muitos dias antes do encontro do corpo. Após o crime, Ana Paula teria deixado o local, mas Roberta permanceu morando com o cadáver no local.

Participação nos crimes

Roberta Veloso Fernandes, presa temporariamente, possui fortes indícios de participação nos quatro homicídios praticados por Ana Paula em 5 meses. Ela nega qualquer envolvimento, mesmo confrontada com áudios, datas e comprovantes apresentados pela investigação.

Segundo o delegado responsável pelo caso, Halisson Miguel Ideão Leite, as versões de Roberta não têm coerência com o que foi apurado pela autoridade policial.

“Demonstrei essas contradições e a participação dela em todos os quatro homicídios na minha decisão de indiciamento”, afirmou.

Na última sexta-feira (17), o Ministério Público de SP denunciou Roberta por participação nos quatro homícidios triplamente qualificados. A acusação foi formulada pelos promotores Rodrigo Merli Antunes e Vania Caceres Stefanoni.

Mortes por evenenamento

Ana Paula e Roberta são acusadas por quatro homicídios cometidos da mesma maneira: envenenamento. Ana Paula, que teria praticado diretamente os crimes e foi classificada como uma "verdadeira serial killer", está presa desde julho deste ano. Já Roberta, que é acusada por participar e acobertar os crimes, está presa desde agosto.

As vítimas dos quatro delitos similares, que teriam sido praticados entre janeiro e maio de 2025, são:

Marcelo Hari Fonseca: Morto em janeiro de 2025, em Guarulhos;

Maria Aparecida Rodrigues: Morte ocorrida entre 10 e 11 de abril em Guarulhos;

Neil Corrêa da Silva: Morte ocorrida em 26 de abril em Duque de Caxias, RJ;

Hayder Mhazres: Morte provocada em 23 de maio em São Paulo, por motivo torpe.

Até o momento, os corpos de Marcelo, Maria Aparecida e Neil foram exumados para identificar a causa das mortes por meio de exames toxicológicos.

*Sob supervisão de Carolina Figueiredo

Bruna Lopes, da CNN Brasil*, em São Paulo