Suspeito de matar estudante foi achado morto com perfurações na região anal

24/04/2025 11h48 - Atualizado há 8 dias

Estudante da USP foi encontrada morta na quinta-feira (17/4). Corpo de suspeito do crime foi localizado nesta quarta com sinais de tortura

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Divulgação

O suspeito de matar a estudante da USP Bruna Oliveira da Silva, identificado como Esteliano José Madureira, foi esfaqueado mais de 10 vezes, a maior parte na região anal e na nuca. Ele foi encontrado na noite dessa quarta-feira (23/4), na Avenida Morumbi, zona sul de São Paulo, com sinais de tortura.

De acordo com informações do Boletim de Ocorrência obtido pelo Metrópoles, as facadas atingiram, ainda, o tórax e o abdômen do suspeito. Esteliano também foi baleado na nuca.

O corpo estava com as pernas atadas e em posição fetal enrolado em uma lona azul, que estava amarrada por um um cobertor cinza.

Ele foi encontrado por funcionários de uma obra da região por volta de 12h — eles estranharam a lona que havia sido deixada no meio da via. Ao verificar que era um cadáver, o grupo de trabalhadores acionou a polícia, que chegou ao local às 21h17.

“Pela quantidade e natureza das lesões, entendemos que a morte se deu de forma dolorosa, com emprego de tortura”, diz o boletim de ocorrência.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que policiais do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) encontraram o corpo enquanto buscavam pelo suspeito, após a Justiça deferir o pedido de prisão temporária contra Esteliano.

Segundo a SSP, além de ter pedido a prisão temporária do suspeito, a equipe do DHPP aguardava o resultado dos exames periciais do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML).

Perseguição

Câmeras de segurança flagraram o momento em que o homem segue e aborda Bruna Oliveira da Silva em uma avenida na zona leste da capital. 

Na última quinta-feira (17/4), Bruna foi encontrada nos fundos de um estacionamento, na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina, na zona leste de São Paulo. A mestranda da USP estava desaparecida desde 13 de abril e havia sido vista pela última vez no terminal de ônibus da estação de metrô Corinthians-Itaquera.

Relembre o caso

Bruna desapareceu no trajeto entre a estação Corinthians-Itaquera do metrô e casa onde morava com os pais, na zona leste.

Ela voltava da casa do namorado, no Butantã, zona oeste.

No terminal da estação Itaquera, ela precisou carregar o celular em uma banca de jornal. Nesse momento, chegou a mandar uma mensagem para o namorado pedindo dinheiro para voltar para casa por carro de aplicativo, porque já estava tarde.

Ele transferiu o valor, mas o celular da estudante teria descarregado e não foi mais possível ter contato com ela.

Conforme Karina Amorim, amiga da vítima, a última vez que ela acessou o WhatsApp foi às 22h21 do domingo (13/4).

A família de Bruna entrou em contato com a plataforma de carros de aplicativo, que informou que a jovem não chegou a solicitar uma corrida naquela noite.

Protesto

Estudantes da USP Leste, responsável pelos cursos de arte, ciência e humanidades, realizarão um ato simbólico nesta quinta-feira (24/4), “a fim de exigir justiça e cobrar seriedade nas investigações”.

Segundo as estudantes, ainda não foi esclarecida a situação que os policiais militares encontraram o corpo da estudante. Os policiais registraram o caso como morte suspeita, “não coletando provas no momento de levar o corpo e atrapalhando as investigações do DHPP”.

O documento também diz que o caso da Bruna não é isolado e “que as mulheres são violentadas cotidianamente”. Além disso, o grupo afirmou que está articulando com coletivos feministas, movimentos sociais, parlamentares e movimentos estudantis a participação no ato.

As estudantes pedem medidas concretas que atendam a realidade da população, que as políticas de atendimento às mulheres sejam articuladas com diversas redes de atendimento e que as câmeras de segurança sejam abertas: “A família, os estudantes, os professores, os funcionários e todos aqueles que tiveram contato com Bruna exigem justiça e resposta para esse crime brutal e cruel”.

Namorado relembra cronologia

Bruna havia ido para a casa de Igor Sales, seu namorado, que fica no Butantã, na zona oeste, na semana anterior. No sábado, voltou para a residência da família, em Itaquera, e, depois, foi se encontrar com uma amiga. Bruna voltou para a casa de Igor no mesmo sábado à noite, contra o conselho do namorado.

“Eu tinha falado para ela não vir, porque ela tinha que pegar o filho dela no domingo de manhã”, disse.

Segundo Igor, era comum Bruna ter de insistir para que o ex-companheiro ficasse com o menino. No domingo, ela pediu para o pai de seu filho levar a criança na segunda-feira de manhã. Assim, ela poderia ficar mais tempo na casa do atual namorado.

O homem não concordou com a mudança, e Bruna, então, pediu para o ex-parceiro combinar com seu pai um encontro na estação de metrô para que ele entregasse a criança.

“Ela ficou comigo até às 20h, até o limite, porque o pai dela tinha que ir trabalhar às 22h30, então, ela tinha que ir embora”, lembrou Igor. Ele diz que ofereceu, como sempre fazia, levá-la de moto à casa dela, porém, como havia chovido muito no Butantã, Bruna pediu apenas uma carona até a estação de metrô.

Igor contou que Bruna chegou à estação Itaquera por volta de 22h. Lá, descobriu ter perdido o ônibus que passava próximo à sua casa e decidiu fazer o trajeto a pé. Igor pediu que ela pegasse um carro de aplicativo e transferiu o valor para que a jovem pagasse a corrida. Às 22h09, ela disse que estava carregando o celular em uma banca de comércio e que iria esperar até que o valor da viagem via app ficasse mais barato. Às 22h19, ela mandou: “Estou indo”.

“Depois de 10 minutos, eu mandei mensagem, perguntando se tinha dado certo, porque [a estação] é bem próxima da casa dela. Não dá nem cinco minutos. A mensagem chegou, mas ela não respondeu. Comecei a ligar e nada”, contou Igor.

Ele achou que a namorada poderia estar sem energia elétrica em casa e, como estava sem bateria antes, teria ido dormir. Durante a madrugada, Igor acordou algumas vezes e conferiu o celular, ainda sem resposta de Bruna.

Valentina Moreira, Renan Porto e Isabela Thurmann

METRÓPOLES