Com redução de 18% de ônibus nas ruas, frota chega a 8 anos

04/05/2023 11h06 - Atualizado há 1 ano

Representantes do setor e da educação se reuniram para propor melhorias no transporte coletivo da Capital, mas conversa terminou sem definições

Cb image default
GERSON OLIVEIRA

Enquanto não há avanços em debates para a melhoria do transporte público em Campo Grande, a idade da frota dos ônibus que circulam na Capital chega a quase 8 anos.

Ontem, representantes do Consórcio Guaicurus, da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande (Agereg) e da Secretaria de Estado de Educação (SED) e vereadores reuniram-se na Câmara Municipal para propor melhorias no serviço.

Entre os assuntos tratados na audiência, a Comissão de Transporte e Trânsito discutiu sobre a necessidade de renovação da frota de ônibus.

Conforme informado pelo Consórcio Guaicurus no comitê, o contrato vigente da frota determina que 550 ônibus devem estar em circulação em Campo Grande, porém, 449 veículos estão ativamente nas ruas da cidade, o que representa uma diminuição de 18% na circulação dos carros de transporte público na Capital.

O gerente-executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Strengari, ressaltou que a idade ideal da frota é de 5 anos, conforme estabelecido pelo contrato de concessão, porém, a renovação dos veículos está atrasada, e a média atual é de 7 anos e 7 meses de utilização.

De acordo com o diretor de Estudos Econômicos e Financeiros da Agereg, Renato Coutinho, a agência fiscaliza, desde 2018, a qualidade da frota de ônibus na cidade.

“Fazemos desde 2018 a fiscalização para verificar a qualidade da frota que está rodando, contratamos uma empresa especializada em inspeção veicular para garantir que, mesmo que a frota esteja envelhecida, ainda opere com segurança. Queremos, por meio de financiamentos, escalonar em cinco anos a frota de veículos para atingir uma idade média de cinco anos, porque a frota do transporte coletivo tem idade média de aproximadamente 8 anos atualmente”, declarou Coutinho.

O diretor financeiro da Agereg ainda acrescentou que o valor necessário para se fazer uma remodelagem da frota do Consórcio Guaicurus é de cerca de R$ 20 milhões.

Porém, de acordo com o gerente-executivo do Consórcio Guaicurus, o custo atual da operação do transporte coletivo é de R$ 13 milhões, e o faturamento tem o mesmo valor, junto dos repasses do Estado e do município, gerando, segundo ele, um deficit de R$ 7 milhões.

Para a renovação da frota de ônibus, seria necessária a compra de 200 novos veículos, e o valor de cada um seria de R$ 600 mil.

Ou seja, o investimento para a melhoria da frota dos ônibus em Campo Grande custaria R$ 12 milhões para o Consórcio.

O diretor-presidente da Agereg, Odilon Júnior, expôs que uma das alternativas vistas pela Pasta é a criação de um conselho para ajudar nas questões operacionais, entender as economias de trajeto, os pontos das escolas, os horários, quais os impactos na linha e obter uma comunicação rápida, para reduzir tempo.

Isso daria subsídios para que a Câmara Municipal pudesse votar projetos futuros e promovesse as modificações necessárias.

SAÍDA DOS ALUNOS

Outro assunto tratado na reunião diz respeito à possibilidade de escalonamento dos horários de saída dos alunos das escolas públicas, para não gerar a superlotação nos ônibus nos horários de pico.

Conforme informado pelo superintendente de Planejamento e Apoio Institucional da Secretaria de Estado de Educação (SED), Alciley Lopes da Silva, a instituição estaria à disposição para realizar o escalonamento, para não soltar todos os alunos juntos.

“Podemos soltar primeiro o Ensino Fundamental, escalonando em períodos de dez minutos e vendo se conseguimos fluir o trânsito. Hoje, os locais de mais pessoas são os bairros, basta olhar o Universitário, a gente não tem o fluxo anterior visto na rede central da cidade, no Hércules foi necessário, no Joaquim Murtinho não foi necessário, mas, se for necessário, estamos à disposição”, afirmou Alciney.

O gerente-executivo do Consórcio Guaicurus, Robson Strengari, detalhou os problemas que estão sendo causados nos terminais na saída dos alunos das escolas.

“Comércio de droga dentro do terminal, brigas na região do Júlio de Castilho, ali é um problema, pessoas armadas mesmo, [acerto de contas], muitas vezes o aluno deixa de ir para a escola e fica ali no terminal”, relatou Strengari.

“Se conseguirmos intercalar os horários, melhor, porque, se acrescentarmos ônibus hoje no formato em que está, [o Consórcio] vai quebrar, o sistema não se paga”.

SAIBA

Segundo o Consórcio Guaicurus, atualmente, o fluxo de passageiros que utilizam o transporte público em Campo Grande gira em torno de 140 mil a 160 mil pessoas.

JUDSON MARINHO E ALISON SILVA

CORREIO DO ESTADO