‘Se livrar da obrigação’: pai teria matado filho para não pagar pensão
Crime ocorreu durante o último fim de semana em João Pessoa, na Paraíba
Davi Piazza Pinto teria assassinado por asfixia o próprio filho, o campo-grandense Arthur Davi Velasques Piazza, para não pagar pensão alimentícia. O crime ocorreu durante o último fim de semana em João Pessoa, na Paraíba.
Para o delegado responsável pelo caso, Bruno Victor Germano, o pai afirmou que estaria ‘sufocado’ em dívidas; assim, matando a criança, ele se livraria da obrigação financeira de pagar a pensão alimentícia, no valor de R$ 1.800.
“Estava sufocado com dívidas e decidiu vir para cá, matar o menino e se librar da obrigação financeira de pagar a pensão”, disse o delegado.
‘Em luto’: escola lamenta morte de aluno
O Jornal Midiamax esteve na Escola Municipal Professora Ana Lucia de Oliveira Batista, na região do bairro Paulo Coelho Machado, onde Arthur estudou por dois anos. Segundo a assistente inclusiva que acompanhou o menino, entre 2022 e 2023, ele era uma criança bastante amorosa.
“Era uma criança extremamente amorosa, gostava de abraçar a gente. Se deixasse, ficava o dia inteiro agarradinho. Quando ele saiu da escola, a gente ficou triste, porque foi uma perda. A gente tinha muito apego e muito carinho pela história de vida dele, porque o Davi se superou, nasceu prematuro. Já era vencedor”, declarou a assistente.
Arthur era autista e tinha deficiência visual. Por isso, a equipe tinha todo cuidado por ele. “Ele era agressivo só com ele mesmo. […], mas tínhamos todo o cuidado com ele. Ele chegava e já pedia banana, pois adorava banana. Ele chamava de ‘nana’ e água de ‘apo’ porque ele era não verbal, e isso era o que conseguia comunicar”, relembrou à reportagem.
O diretor da escola municipal também comentou sobre Arthur. “Era um menino muito carinhoso. Tínhamos todo cuidado com ele”, afirmou.
A notícia da morte de Arthur deixou a comunidade escolar em luto nesta segunda-feira (3). Segundo o diretor, diversos profissionais que conviveram com o menino estavam abalados nesta manhã.
“A comunidade escolar amanheceu em luto. Temos aqui, todos os dias, de receber mais de 600 crianças. Então, temos que nos manter fortes. Mas, nos olhos, observamos que todos que conviveram com o Arthur Davi estavam chorosos”, relatou.
Assassinato
A vítima estava desaparecida desde a manhã da última sexta-feira (31). As investigações vão indicar a motivação do crime, no entanto, tudo aponta que tenha sido por vingança, já que Davi não aceitava o fim do relacionamento com a mãe de Arthur. Ela, por outro lado, está em outro relacionamento. Segundo familiares, o término entre os dois ‘se deu há muito tempo’.
Segundo a PC (Polícia Civil), Piazza havia viajado de Santa Catarina — onde mora atualmente — para João Pessoa — onde a criança morava com a mãe —, dizendo que ajudaria a cuidar do filho. Ele marcou um encontro com o menino no bairro de Manaíra, na capital paraibana, tentando restabelecer uma ligação com a criança, já que o contato entre os dois não era tão frequente.
Investigação
Segundo o delegado da PC Bruno Germano, Piazza esteve em João Pessoa na quinta-feira (30) e, na sexta (31), ele se encontrou com o filho. Ele havia combinado com a mãe de Arthur que levaria o menino para passar um tempo com ele em Florianópolis, durante as festas de fim de ano, e que esse período seria um ‘teste’.
No entanto, a mãe de Arthur começou a perguntar sobre o filho e a pedir fotos, mas recebia apenas informações de que a criança estava bem. Foi então que, neste domingo (2), já em Florianópolis, Davi ligou para a ex-companheira e informou que havia matado a criança. Davi indicou o local em que ocultou o cadáver e se entregou à polícia.
A maneira como o corpo de Arthur foi encontrado indica que o crime ocorreu logo após o encontro entre os dois. Após matar o próprio filho, Piazza teria levado o corpo até o bairro Colinas do Sul, onde o enterrou em uma área de vegetação. O corpo estava em um saco plástico preto, parcialmente coberto por terra.
Segundo a investigação, Arthur apresentava manchas verdes na região abdominal. A suspeita é de que ele tenha sido envenenado ou asfixiado. O laudo do IPC (Instituto de Polícia Científica) apontou que a causa da morte do campo-grandense foi asfixia por sufocação. A Polícia Civil pediu exames para investigar se Arthur foi dopado antes de ser assassinado.
Layane Costa
MIDIAMAX

