Sem mais doses, retomada de vacinação no Estado é incerta

24/02/2021 09h08 - Atualizado há 4 anos

Até o fim da tarde de ontem, Ministério da Saúde não havia confirmado quantitativo de doses e se elas chegariam hoje

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Álvaro Rezende

Daiany Albuquerque, Thais Libni

Mato Grosso do Sul ainda não sabe quando voltará a aplicar vacinas contra a Covid-19 em novos grupos prioritários. Isso porque o Ministério da Saúde tem demorado para informar a quantidade exata de medicamentos que serão encaminhados ao Estado. Havia a previsão de que um quantitativo chegasse hoje, mas, como até o fim da tarde de ontem não houve contato, o governo do Estado já cogita a possibilidade dessa remessa atrasar novamente.

Em Campo Grande, a imunização foi paralisada no dia 15 deste mês, por falta de novas doses, e até agora não foi retomada. Apenas as segundas doses das vacinas estão sendo aplicadas.

Segundo o titular da Secretaria de Estado de Saúde, Geraldo Resende, o governo federal havia informado que ontem até o fim da tarde passaria a quantidade a ser entregue, o que não aconteceu. “Ninguém sabe o quantitativo e não se sabe se vão entregar amanhã [hoje]”, lamentou.

Ontem, o Brasil recebeu 2 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca, da Índia, e 1,2 milhão do imunizante Coronavac, do Instituto Butantan, e a divisão aos estados ainda será feita.

Essa remessa tem dado problema desde a semana passada. Isso porque o Ministério da Saúde havia informado no fim da tarde de quinta-feira (18) que Mato Grosso do Sul receberia, entre os dias 23 e 28 de fevereiro, mais 93.044 doses das vacinas previstas no Plano Nacional de Imunização (PNI).

Inicialmente, esta quinta remessa seria composta pelas duas vacinas ofertadas pelo governo federal, com 91.196 doses da Coronavac, imunizante fabricado pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e 1.848 doses da vacina produzida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford.

No mesmo comunicado, o Ministério da Saúde havia informado que, após o envio das 93 mil doses ainda em fevereiro, a previsão era de que uma sexta remessa, com 414.744 doses, chegaria em Mato Grosso do Sul até 31 de março, com 215.092 imunizantes Coronavac e 199.617 da AstraZeneca.

Horas depois, porém, o Ministério da Saúde recebeu um comunicado do Instituto Butantan dizendo que não conseguiria entregar nove milhões de doses, mas, sim, apenas dois milhões. Com isso, o cronograma foi desfeito, e até agora não houve uma posição.

“O País conduziu de forma equivocada a pandemia, não houve planejamento adequado para a compra de vacinas. Todos os países do mundo se planejaram, compraram os imunizantes lá em julho e não têm problemas com falta”, reclamou ao Correio do Estado o secretário Geraldo Resende.

DECISÃO DO STF

Mato Grosso do Sul ainda insiste na compra de imunizantes contra a Covid-19, no entanto, o secretário de Saúde aponta que o melhor cenário é esperar a entrega de vacinas por meio do Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.

Apesar de o Supremo Tribunal Federal ter decidido pela permissão de compra de vacinas contra a Covid-19 por estados e municípios caso as doses ofertadas pelo Ministério da Saúde sejam insuficientes para atender a população local, Resende avalia que essa aquisição ainda está difícil de ser concluída.

“A decisão é boa, mas em termos, porque não vai permitir a compra em si de vacinas, pois ninguém tem para vender. Nós temos recursos, outros estados também estão buscando alternativas para compra, mas não temos quem nos entregue em um curto espaço de tempo”, explicou.

Segundo o secretário, em todos os contatos feitos com os laboratórios a informação é a mesma: eles estão cumprindo o prometido com outros países e não têm condições de atender uma demanda grande. “Estamos dependendo do Ministério da Saúde”, completou.

“Podemos comprar, desde que tenha gente para vender. Nós não temos nada no horizonte que nos assegure que possamos receber o imunizante, uma vez que todas as empresas não conseguem nos entregar a vacina no tempo ideal. Tentaremos a compra da vacina da Pfizer, estamos tomando ações que possibilitem a aquisição do imunizante. No entanto, não tivemos nada de positivo: com a disponibilidade e o tempo de entrega oferecidos pelos fabricantes, é mais cabível esperar pela entrega do plano nacional”, pontuou o secretário.

No julgamento realizado ontem, o Supremo atingiu a maioria de votos para validar a liminar do ministro Ricardo Lewandowski, que deu o aval para a compra em dezembro do ano passado.

O entendimento firmado pela Corte é de que estados e municípios podem comprar e distribuir vacinas caso o Ministério da Saúde falhe ou seja omisso com o PNI, ou na hipótese de que a cobertura planejada pela Pasta não seja suficiente contra a doença.

A decisão também permite a aquisição de vacinas autorizadas para distribuição comercial por autoridades sanitárias dos Estados Unidos, da Europa, da China ou do Japão, mas somente caso a Anvisa não se manifeste sobre a autorização destes imunizantes no País dentro do prazo de 72 horas previsto em lei.

CORREIO DO ESTADO